sábado, maio 27, 2006

O dilema de trocar a redação pela assessoria

Por ARTHUR LESSA

Divulgar, denunciar, investigar. Estas, entre outras, são metas de qualquer jornalista que trabalhe como repórter em uma redação de jornal, rádio ou televisão. Para estes profissionais o trabalho é apaixonante, mesmo com remunerações normalmente baixas. Mas atualmente cresce uma categoria de jornalistas que abdicaram da rotina de ‘detetives’ para se tornarem assessores de imprensa. A ocupação já sofreu bastante preconceito, mas nos últimos anos tem mostrado sua importância e credibilidade. Destacam-se na região, por exemplo, os jornalistas Sandro de Mattia e Andressa Fabris.
Sandro de Mattia iniciou a faculdade de jornalismo em 1995, na Unisul de Tubarão, enquanto trabalhava no setor metalúrgico. Fez seu primeiro estágio, no Jornal do Sul, escondido da mãe, pois ainda estava empregado na indústria. Logo após este episódio, largou o emprego e dedicou-se ao jornalismo. Trabalhou no Jornal da Manhã e por um ano fez o programa Sul Positivo na RBS TV Criciúma.
Mattia diz que sente saudades de trabalhar numa redação, mas escolheu ir para a assessoria pois os horários são fixos e oferece uma melhor qualidade de vida. Ele começou na prefeitura municipal de Nova Veneza, logo depois trabalhou na prefeitura municipal de Criciúma durante o mandato de Décio Góes, inclusive durante o processo de cassação ocorrido logo após ser reeleito para o cargo, no fim de 2004. Atualmente ele trabalha como assessor de imprensa tanto na área empresarial, na Construtora Fontana e Sinduscon, quanto na política, com o deputado federal Jorge Boeira (PT-SC), e diz que não tem medo de ficar com seu nome vinculado ao partido.
- Quando você faz um trabalho sério, você ganha credibilidade. O problema é quando o assessor tenta ser marqueteiro, mas isso compete ao publicitário - afirma Sandro.
Segundo ele, a principal diferença entre assessorar uma empresa ou uma pessoa pública é que quando se trata de um político, por exemplo, ele deve instruir o cliente em como falar e se portar, além de abrir caminhos para este nos veículos; com uma empresa, o profissional deve cuidar da comunicação interna e, principalmente, externa, mas em nenhum dos casos pode tentar vender o produto.
Andressa Fabris é formada em jornalismo desde 1994, pela UFSC, e já trabalhou na Fucri (atual Unesc), no Jornal da Manhã, Tribuna Criciumense, ambos de Criciúma e na rádio Difusora de Içara. Desde 2003 focou o seu trabalho exclusivamente na área de assessoria. No ano passado ela fundou sua segunda empresa de assessoria, a Alfa Comunicação Social, e tem atualmente sete clientes, entre eles CDL, Shopping Della Giustina e Rio Deserto. Além de fazer o contato entre o cliente e os meios de comunicação, a empresa faz balanços sociais, informativos entre outras publicações. Além das assessorias, responde por uma coluna sobre economia do jornal A Tribuna. Isto não a atrapalha, pois ela procura separar bem as duas ocupações, não favorecendo seus clientes nem dando notícias de primeira mão sobre eles.
Andressa diz ainda que não pretende voltar às redações.
- Não me acho apta a voltar às redações de jornal pois, ao cobrir uma pauta, verei com outros olhos.
Mas mesmo assim, afirma que é importante para um jornalista passar por lá, pois é onde ele aprende o que a teoria não ensina. Além de saber como funciona para saber como se relacionar com os veículos.
- Ainda existem muitas empresas que não dão muita importância para a assessoria e contratam para o cargo pessoas que não são da área. Estas pessoas, além de não ter conhecimento de quais informações são importantes e como devem ser passadas, não tem experiência pra saber que passar release na hora da reunião de pauta ou no fim da tarde é um bom caminho para queimar o filme - assegura.
Ela também acha que as faculdades deveriam dar mais espaço para a assessoria de imprensa na sua grade curricular.

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