quarta-feira, maio 17, 2006

Trabalho garante comida na mesa

POR TAÍS FERNANDES

Enquanto milhares de pessoas se preparam para aproveitar as atrações da Produsul 2006 outras tantas vêem nessa festa uma oportunidade de ganhar uma grana extra. Segundo o site da festa o evento gera mais de 20 mil empregos diretos. Nessa estatística entra o desempregado Ademir Guasselli, de 50 anos.
Sem emprego há quase quatro meses, Guasselli foi contratado para guarnecer, durante os dez dias da festa, uma barraca de cachorro quente localizada em frente ao Cecontu. Todos os dias, a partir das 5 horas e 30 minutos, ele assume a responsabilidade da barraquinha, que mesmo fechada precisa de cuidados para não ser furtada. A jornada de Guasselli só termina às 18 horas, quando a movimentação nas barracas inicia.
- Às 18 horas eu pego a minha bicicleta e vou para casa. Moro longe daqui. Pedalo mais de oito quilômetros, mas vou feliz por saber que estou garantindo comida na mesa - comenta ele.
Antes de perder o emprego Guasselli trabalhava como servente de pedreiro e explica que foi despedido por falta de trabalho.
- Fiquei de receber o seguro desemprego, mas a empresa não pagou. Recorri ao Ministério de Trabalho. Eles acertaram uma papelada para mim poder receber. Mais de 35 dias se passaram e eu nem vi a cor do meu dinheiro - lamenta.
Enquanto não recebe, a alternativa do ex-servente é procurar bicos para sobreviver.
- Procuro bicos de jardinagem, cuido de carros nas ruas, faço o que eu posso.
Quando interrogado sobre as perspectivas de vida Guasselli disse que seu sonho é ganhar na mega-sena.
- Se eu conseguisse ganhar eu iria ajudar toda a minha família, meus irmãos e, é claro, daria uma vida melhor às minhas filhas - declara.
Emocionado o senhor diz que mais uma vez vai passar o dias das mães longe de quem gerou a sua vida. Ela mora em Lages e a última vez que a viu foi há dois anos e por intermédio de carona.
- Minha família é toda de lá. Um dia peguei carona com um vizinho que estava subindo a serra e fui lá ver minha velha. Mas agora não tenho condições. A passagem é muito cara e se já vivo de bicos não tenho mesmo condições de vê-la.
Ele finaliza dizendo que “graças a Produsul” conseguiu garantir uma jornada fixa de trabalho, ainda que por poucos dias.
- É muito bom levantar cedo e saber que tenho onde trabalhar.

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