segunda-feira, maio 22, 2006

Profissão: assessor de imprensa

Por LAURA PERUCHI

- Não há ferramenta mais estratégica no jornalismo do que a assessoria de imprensa.
Essa é a opinião do assessor de imprensa Sandro de Mattia, exposta em entrevista coletiva ao terceiro semestre do curso de Jornalismo, realizada na Unisul. Juntamente com a também assessora Andressa Fabris, os dois responderam às diversas dúvidas e indagações dos alunos.
Para Andressa, a universidade deveria dar mais espaço para a assessoria.
- É um mercado em ascensão, um ambiente alternativo. Até porque não há redações suficientes para absorver o número de jornalistas formados - diz ela, que trabalha há 12 anos na área e tem uma empresa de comunicação empresarial, com clientes como a Câmara de Dirigentes Lojistas de Criciúma e o Shopping Della Giustina, entre outros.
- É uma área com um ritmo mais tranqüilo do que as redações - declara De Mattia, que já trabalhou em assessorias de prefeituras como Içara e hoje assessora o deputado federal Jorge Boeira (PT-SC), além da Construtora Fontana e do Sindicato da Construção Civil. Apesar de se levar uma vida mais calma, ele diz que o aperfeiçoamento deve ser constante:
- É preciso buscar a reciclagem; a teoria é fundamental – recomenda
- A assessoria facilita o relacionamento do cliente com o público através da mídia. É preciso estudar marketing, planejamento estratégico e comunicação estratégica – acrescenta Andressa.
Perguntado sobre o fato de a imagem de um assessor político ficar marcada para trabalhos posteriores, Mattia foi sincero – o jornalista corre o risco, sim, de ser taxado de partidário, porém, é possível reverter o quadro.
- O que dá o diferencial é a forma de atuação junto aos veículos e a credibilidade adquirida. Dessa forma, é fácil contornar a situação.
Ele ainda dá a dica:
- Nunca se filie ao partido de seu assessorado e não defenda a ideologia do partido como verdade de profissão.
O assessor ainda disse que é mais fácil emplacar notícias sobre o homem público, o político, do que o empresário.
- O homem público precisa dar respostas à comunidade, por isso a mídia sempre vai dar mais atenção a ele.
Os jornalistas concordam que a carga teórica adquirida na universidade é fundamental ao exercer a profissão – apesar de a prática não seguir tais ensinamentos à risca.
- Precisamos ser um pouco vendedores. É necessário argumentação para convencer o cliente da estratégia e para vender a pauta aos veículos. Isso não é ensinado na faculdade – concordaram.
Os dois ainda declaram que a passagem por uma redação é primordial.
- Você até pode trabalhar em uma assessoria sem ter passado por uma redação, mas essa experiência é importante para pôr em prática tudo que se aprende na universidade - acredita Mattia.
E já que o assunto era redação, foi perguntado se eles têm saudades de seus tempos como repórteres. Andressa foi enfática:
- Não tenho saudades da redação. Eu gosto da assessoria.
Mattia prefere a assessoria por trazer mais conforto. Entretanto, foi nostálgico ao falar do corre-corre dos jornais:
- Sinto saudades da correria, do cheiro de café, do cheiro de tinta, do cheiro da redação.

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